A minha existência, neste momento, é o resultado de um mar infinito de decisões passadas que foram conduzindo os acontecimentos até este instante. Milhões delas. Minhas, mas a maior parte foram escolhas de pessoas que nunca conheci nem alguma vez conhecerei. As muitas gerações dos meus e nossos antepassados, familiares e estranhos, cujas decisões afetaram a linha dos acontecimentos que chegou até mim.
Da mesma forma, também muito do que escolho, decido e faço terá consequências em futuros muito para além daquele que posso conhecer. Os meus filhos, porventura, acolherão também filhos seus e, estes, por sua vez, poderão escolher fazer o mesmo. A decisão de receber um filho muda o mundo. No imediato, mas ainda mais no futuro.
A minha vida é uma parte da história, que começou muito antes de mim e se prolongará por muito tempo depois de eu deixar de estar neste mundo. Como se cada um de nós tivesse sido chamado a ser protagonista de uma quantidade limitada de episódios de uma história imensa!
Não devo desperdiçar o meu tempo concentrado no passado que, por mais que me empenhe, jamais conhecerei grande parte dos seus pormenores, e, mesmo que pudesse, não poderia alterar nem um. Compreender a vida não é vivê-la.
E são tantos os que preferem esperar para viver mais tarde. Porquê?
O futuro será sempre diferente do que se espera, tal como o passado só raras vezes foi como o recordamos.
O hoje não é breve nem passageiro, é uma parte fundamental da eternidade.
A eternidade também é agora.
Fonte | IMISSIO (José Luís Nunes Martins)