Fui ao teu encontro e recebeste-me nos sorrisos, gestos e palavras daqueles que, nem sei porquê, se alegram por me ver. Sentei-me a observar-te naqueles que pões no meu caminho e perdida em pensamentos a contemplar a cruz onde te entregaste por mim (Cf. Gal 2, 20), meu peito exultou de alegria (Cf. Lc 1, 44).
Alegria de quem se deixa encontrar, tocar e transformar por ti. Alegria do leproso que prostrado te pede para o purificares se quiseres e a quem respondes: “Quero, fica purificado” (Cf. Mt 8, 2-3). Alegria da mulher hemorroíssa que sofria há 12 anos e que confiou que bastar-lhe-ia tocar a orla do teu manto para ficar curada e a quem livraste do sofrimento dizendo: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz” (Cf. Lc 8, 43-44.48). Alegria da mulher que lavou com lágrimas os teus pés, enxugou-os com seus cabelos, ungiu-os com perfume e beijou-os com arrependimento e de quem disseste, restituindo-lhe a sua dignidade, que lhe eram perdoados os seus muitos pecados porque muito amou (Cf. Lc 7, 44-48). Alegria de tantos anónimos como eu que salvas por amor.
Torrentes de gratidão inundaram-me por me saber novamente em casa, como aquele filho perdido, cujo Pai ao vê-lo a regressar, enche-se de compaixão, corre a lançar-se-lhe ao pescoço e cobre-o de beijos (Cf. Lc 15, 20). Abraçada, beijada, perdoada e com a cabeça recostada no teu regaço sussurrei-te novamente o meu fiat, ainda trémulo e tímido. Quero deixar que se faça em mim segundo a tua palavra (Cf. Lc 1, 38), por nenhum outro motivo que o de querer o que tu queres. Não percebo porque me chamas nem para quê, mas se é a mim que queres, como posso não corresponder ao amor que me restitui e ao sopro que me recria e me anima? Eis-me, então, aqui, pois me chamaste (Cf. 1Sam 3, 5).
Purifica-me, Senhor, das minhas inseguranças, desconfianças e medos no sangue que derramaste por mim, ó cordeiro imolado, ó vítima de expiação sem mancha (Cf. Heb 9, 14). Renova comigo a tua aliança (Cf. Mc 14,24), tu que tens entranhas de compaixão e que me amas apesar de mim.
Capacita-me para responder com amor e alegria e fervor ao teu apelo e conduz-me ao estado que sonhaste para mim, pois sei que só na obediência da tua vontade encontrarei a plenitude do meu viver.
Alimenta-me do pão da vida e do vinho da salvação para que os meus passos não vacilem a caminho de onde me quiseres levar. Saiba eu beber do cálice que me ofereces sem dele me querer afastar (Cf. Mc 14, 36) e ser, como exorta S. Paulo, alegre na esperança, paciente na tribulação e perseverante na oração (Cf. Rm 12, 12). Fica comigo, Senhor, e ainda que não seja digna que entres na minha morada (Cf. Mt 8,8), habita-me no sacrário do meu coração.
Fonte: iMisiso (Raquel Dias)