A ansiedade põe-te a andar de um lado para outro, deixa-te preocupado e muito ocupado a tentar controlar o que, na verdade, não depende de ti. Tentamos livrar-nos das inquietações sobre o amanhã, à custa de perdermos todas as forças hoje.
Acabamos por medir as coisas pelo tamanho das suas sombras, o que é muito enganador, porque na maior parte dos casos não só são apenas sombras, mas também são muito maiores do que os objetos que as produzem.
Importa descansar, e colocar a imaginação a mostrar-nos alegrias e mais alegrias que podem chegar à nossa vida. Quem espera tristezas e mais tristezas já vive nesse mesmo futuro que deseja evitar.
O mundo é um local muito difícil, não é bom sobrecarregar as adversidades do hoje com os sofrimentos prováveis do amanhã. É que, mesmo que fossem certos, mais valeria tratar de cada coisa a seu tempo.
A ansiedade é uma tontura, uma vertigem, que deriva da ideia de que somos livres e que, por isso, talvez, possamos controlar tudo! Mas é mentira. Não controlamos senão muito pouco, ao demais, cabe-nos apenas reagir ao que acontece. Tentar reagir ao que não aconteceu é uma perda de tempo e de forças.
Cada um de nós é chamado a aventurar-se. Enfrentando o futuro e os medos. Sem pressas, um passo de cada vez, olhando para o horizonte que buscamos e para o chão para onde podemos dar o próximo passo. Não devemos nos importar com o que há entre esse espaço e o horizonte. Assim como há horizontes sempre novos, também há chãos que surgem onde não havia senão vazio…
Na vida, um deserto demora pouco a fazer-se floresta… e o contrário também. Mas nunca, nunca, o conseguimos fazer só por nossa vontade.
Vivamos em cada dia os problemas desse dia, sem nos preocuparmos com os que chegarão, por certo, amanhã, e depois de amanhã, e por aí adiante… porque, afinal, mais vale um fim trágico do que uma tragédia sem fim!
Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)