Quero ir para o céu!

Nada é para sempre neste mundo, mas, no fundo de cada coração, há uma certeza da eternidade. Quem ama sente-a como tão verdadeira quanto a verdade da própria existência.

Não sou da terra. Vivo e percorro o meu caminho aqui, mas estou de passagem. Tal como nenhum de nós deu a vida a si mesmo, também não há quem possa decidir ficar neste mundo.

Para onde vou? Bem, eu quero ir para o céu. O caminho é duro porque implica amar, lutando contra uma das maiores forças que parecem naturais em nós: o egoísmo. O caminho implica sofrer e ser atacado por dúvidas, muitas vezes.

O valor de alguém mede-se pela forma como enfrenta um obstáculo. Quando algo aparece e nos obriga a deitar fora os planos e a sonhar outros sonhos, se quisermos sair de um dos muitos pesadelos ilógicos e injustos. Quantos homens se fizeram ricos através da forma como aceitaram as suas misérias?

Para voar, é preciso que nos aperfeiçoemos; neste caso, isso não implica acrescentar, antes sim, libertar-se do que está a mais. Custa, porque tantas vezes somos chamados a acreditar no que não faz sentido. Se sou amado, porque me sinto só? Por que razão tenho de ser exposto a tanta dor? E até na agonia me é pedido que a enfrente com alegria?

Que eu saiba dar tudo o que posso. Que eu leve muitos a provar o sabor de um pão partilhado.

Preciso de me esvaziar de mim. Confiar e chegar a compreender que a felicidade não é um destino, mas uma recompensa… e que só o amor dá sentido à vida… e à morte.

Fonte: Imissio (José Luís Nunes Martins)